quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Vaticano, uma biografia não autorizada


(texto retirado da Revista Super interessante: “A história Secreta da Igreja”).

Nenhuma história diz tanto sobre os últimos 2000 anos deste planeta quanto a da Igreja. Pelos corredores do Vaticano passaram reis, guerras, o melhor da arte e até alguns santos. Era 11 de fevereiro de 1929 e faltava meia hora para o meio-dia quando um Cadillac preto estacionou na frente do Palácio de Latrão (foto), em Roma. As portas do carro se abriram e o homem mais temido da Itália saiu. Era Benito Mussolini, chefe do regime fascista que governava o país. Dentro do palácio – o quartel-general da Cúria Romana, rosto administrativo da Igreja Católica – o papa Pio 11 e seus funcionários mais gabaritados receberam o ditador com apertos de mão. A conversa teve início e Mussolini logo exibiu suas cartas: queria que a Igreja reconhecesse oficialmente o regime – era uma tentativa de neutralizar o adversário Partido Popular. A Igreja também foi clara ao falar de seus objetivos. Pediu o que havia perdido, no século 19, durante o processo de unificação italiana: um Estado soberano. Por volta da 1 da tarde, Mussolini assinou o Tratado de Latrão, que conferia ao papa um território independente dentro de Roma. Em troca, a Igreja reconhecia como legítimo o governo controlado pelo duce.
A rigor, foi nesse dia de inverno, na soturna companhia de um dos mais violentos tiranos do século 20, que nasceu o Estado do Vaticano como ele é hoje: o menor país independente do mundo e a última monarquia absolutista da Europa. Mas o encontro em Latrão foi resultado de uma história muito mais longa, que se enraíza 2000 anos no passado - desde um tempo em que o papa era apenas o bispo de Roma, uma entre muitas lideranças de uma seita perseguida. Em seu auge, pontífices se declaravam os senhores do mundo e desencadeavam guerras com um sinal-da-cruz. Hoje, o papado é a mais longeva organização internacional da história. De onde veio, e onde foi parar, tanto poder? Para desvendar essa história é preciso retornar as origens do cristianismo, quando Roma virou centro de uma seita judaica “nascida” nas areias do Oriente Médio.

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