Por José Ubirajara Carvalho - Nova Friburgo (RJ).
Em um ponto qualquer do Atlântico, um luxuoso navio de passageiro sua rota turística. Os passageiros dormiam tranqüilamente em suas cabines de luxo, enquanto a tripulação do turno da noite aguardava, sonolenta, o nascer de um novo dia.
A madrugada ia alta. Na sala de navegação, o oficial navegador que estava desperto, revia o curso pré-estabelecido para o navio. A carta de navegação sobre a mesa, indicava uma pequena ilha, exatamente na rota traçada e isto o estava preocupando.
Depois de executar algumas medições e de refazer alguns cálculos, resolveu avisar o imediato do que estava ocorrendo, que por sua vez decidiu reduzir a velocidade do navio e acordar o capitão para lhe dar ciência do fato.
O dia clareava. Na sala de navegação, o capitão estava reunido com oficiais mais graduados. Era mais imperiosa uma decisão; o navio não podia continuar em marcha reduzida, pois isso acarretaria um atraso na chegada ao próximo porto.
— Capitão, precisamos mudar o curso em um grau para evitarmos uma colisão com esta ilhota – argumenta o navegador.
— Um grau de desvio atrasará em um dia a nossa chegada ao porto retrucou o imediato.
— Como foi possível não percebermos essa ilhota? – pergunta o capitão enfurecido ao navegador.
— Reconheço que errei, mas seria capaz de jurar que essa ilha não estava aí, neste mapa quando tracei a rota do navio.
— É! – diz o piloto – Precisamos decidir logo. Não podemos ficar nesse impasse; temos passageiros importantes. Mudar o rumo nos atrasará, mais se continuarmos neste curso fatalmente iremos sobrar. Se ao menos algum dos senhores tivesse experiência nessa rota, poderíamos identificar essa ilhota e aquilatarmos a sua profundidade das águas próximas a ela, isto já seria de grande ajuda.
Nisto entra na sala o marinheiro Severino, velho lobo do mar desta e de outras águas. Ia proceder, como de costume, a rotineira faxina da sala.
— Não, Severino, agora não! Deixe a faxina para depois! Agora estamos muito ocupados,venha mais tarde por favor! – Disse o aborrecido capitão.
— Espere um pouco! – disse o navegador – Severino já navegou durante anos por estas bandas, e quando mais moço, auxiliava o navegador em seu trabalho, não é mesmo, Severino?
— É sim, senhor! – Responde humilde, o velho marujo.
— E você poderia dizer então que ilha é esta? – indaga o capitão, meio incrédulo.
— Que ilha, senhor? – Pergunta Severino, aproximando da mesa onde se encontrava o mapa.
— Esta aqui?
— Esta? Isto não é ilha. – diz Severino.
— Não é ilha? – Exclamam todos em a só voz.
— E o que é então? Marujo maluco! Será que o sol cozinhou seus miolos? – Grita enfurecido o capitão.
— Isto – diz Severino (raspando com a unha a “ilha” do mapa e assoprando em seguida num gesto displicente) – é apenas um cocozinho de mosquito.
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