RIO - O bom exemplo do motorista Joilson Chagas, de 31 anos, que devolveu ao dono os R$ 74.800 encontrados no ônibus que dirigia, na semana passada, virou motivo de chacota de alguns colegas. Ele lamentou que, enquanto descansava no dormitório da empresa, em Nova Friburgo, jogaram o seu crachá no vaso sanitário e escreveram na parede do banheiro “Chagas otário”. Chagas — que perdeu a casa na enxurrada de janeiro — não se arrepende de seu gesto:
— O dinheiro não era meu. É bom ficar com o que é nosso.
Em casa, o motorista recebeu o apoio da mulher — grávida de cinco meses — e do filho de 14 anos.
— Espero que meu filho chegue na minha idade com a minha cabeça — disse ele.
Já a Viação 1001, onde Chagas trabalha há quatro anos e meio e ganha cerca de R$ 1.400 por mês, quer valorizar a sua atitude. A empresa informou que estão sendo estudadas uma homenagem e até uma promoção. Em nota, a empresa disse que vem acompanhando de perto e dando todo apoio ao motorista justamente para que poucas pessoas contrárias a atitude dele não atrapalhem o seu trabalho e a sua evolução profissional. No entanto, lamenta que ainda existam opiniões divergentes quanto ao ato de honestidade de uma pessoa.
A viação ressaltou ainda que repudia toda e qualquer atitude que possa denegrir a imagem de qualquer um dos seus colaboradores e busca em suas práticas na Gestão de Pessoas a integração e o bom relacionamento entre todos.
O dono do dinheiro é um agricultor de cerca de 80 anos, que não quer ser identificado. Ele embarcou num ônibus em Friburgo, que parou na Rodoviária Novo Rio e no Terminal Menezes Côrtes. No fim da viagem, ao fazer a inspeção de rotina após o desembarque dos passageiros, Chagas encontrou um celular na poltrona 13 e um pacote junto à janela:
— Botei o pacote na poltrona e abri. Nunca vi tanto dinheiro. Estava enrolado em papel de pão e amarrado com barbante.
Chagas entrou em contato com seu chefe e retornou a Friburgo para entregar o pacote na sua empresa. Ao chegar ao terminal, avistou um senhor chorando e, na conversa com ele, descobriu tratar-se do dono do dinheiro. O homem ofereceu R$ 2 mil como recompensa, que o motorista não aceitou. O filho dele, então, entregou um relógio, pedindo que Chagas guardasse como lembrança.
— Vi a simplicidade do senhor. Achava que tinha perdido o pacote num bar no Largo da Carioca. Ele contou que tinha vendido um veículo para pagar o tratamento de saúde de uma filha.
Fonte: Jornal Extra
Um comentário:
Honestidade hoje em dia é coisa rara, mas é uma virtude que não deveria desaparecer....
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