Maquete do primeiro dirigível, criado no final do século XIX, pelo mineiro-bom-jardinense Leopoldo Silva. |
A História, que
destacou feitos dos brasileiros Bartolomeu de Gusmão e Alberto Santos Dumont, dos
irmãos americanos Wilbur e Orville Wright e do alemão Ferdinand von Zeppelin,
foi madrasta com o mineiro Leopoldo Silva, o “Pai da Aviação” bom-jardinense.
Isto porque a invenção do primeiro aerostato dirigível teve início em Bom
Jardim, antes mesmo do alemão sonhar em voar pelo mundo no seu famoso balão
Zeppelin.
Com o título “O Brasil na
aviação – o aerostato dirigível ’21 de abril’ foi o precursor do Zeppelin”, o
então jornal “O Bom Jardim”, do saudoso jornalista e historiador Manoel Erthal,
afirmava em sua edição do dia 2 de julho de 1930, com o título “O Brasil na
aviação”: O aerostato dirigível “21 de Abril”, foi o precursor do Zeppelin”.
Inventado pelo brasileiro Leopoldo Silva, o “21 de Abril” fez seu primeiro voo
em 1889, em Lisboa, Portugal. O voo inaugural do aerostato LZ-1, construído
pelo conde alemão Ferdinand von Zeppelin, só ocorreu em 2 de julho de 1900, às
margens do lago Constança, na Alemanha. Com base em seu feito, Leopoldo Silva fundou
a "Sociedade Particular de Navegação Aérea”, sendo o primeiro brasileiro a
tentar organizar o tráfego aéreo no Brasil.
Mas, atacado por uma enfermidade,
Silva não pode concluir suas experiências, falecendo quando ainda se dedicava às
suas invenções inovadoras. Segundo
informa o antigo jornal de 1930, o esqueleto do “21 de Abril” ainda existiria,
guardado no paiol de uma fazenda, em Paraíba do Sul, município fluminense.
Outras informações dão conta que o mesmo estaria em Vassouras, também no Sul
fluminense. O invento do brasileiro teria sido registrado, ainda no século
XVIII, no Brasil e na Alemanha, sendo sido requerido ao governo imperial alemão,
cuja patente e demais documentos foram arquivados no Museu Nacional em 1922. Mas
os documentos se perderam, sem que o nome modesto de Leopoldo Silva corresse o
mundo como o do famoso conde Von Zeppelin. O jornal indaga da possibilidade de o então
Aeroclube Brasileiro ter providenciado para que os despojos do “21 de Abril” fossem
transportados para um museu, uma vez que o invento de Leopoldo Silva obtivera a
sanção nos círculos competentes. Entretanto, devido ao descaso do poder público
na época, Leopoldo Silva desapareceu, pobre, sem o reconhecimento que lhe era
devido.
Também o blog do Instituto
Histórico e Geográfico de Bom Jardim (www.ihgbj.blogspot.com)
informa dados de Leopoldo Silva, sob o título “Navegação Aérea, Um Fato
Histórico”. Leopoldo Silva era filho do
português Manoel Joaquim Correia da Silva, que imigrou para o Brasil, onde se
casou com a mineira Emília Henriques Correia da Silva, indo residir em
Vassouras, cidade do Sul Fluminense. Leopoldo não nasceu em Vassouras, mas em Mar
de Espanha (MG) – onde seu pai era proprietário de uma cerâmica – em 21 de
abril de 1849. Iniciou seus estudos até chegar à escola superior, mas depois seguiu
carreira comercial.
Depois, quando servia o Exército,
estando prestes a seguir para a guerra no Paraguai, sendo ainda menor, seu pai
conseguiu sua exclusão das fileiras. Foi nessa época que se mudou para Bom
Jardim, indo residir em São José do Ribeirão, onde dedicou suas atividades ao
comércio de lojas. Casou-se a 1869 com D. Maria Luiz de Castro Chevrand, filha
de Joaquim Chevrand, tendo 12 filhos. Mudou-se depois para sede do município,
que naqueles tempos ainda era distrito de Cantagalo. Ai estabeleceu-se com casa
comercial tendo em seguida adquirido o Hotel Bom Jardim. Em 1889 planeou o
aeróstato dirigível “21 de Abril”, fato histórico reconhecido na época, mas sem
a repercussão dada ao Zeppelin. Desfez-se do hotel para cuidar exclusivamente
do seu invento.
Além do “21 de Abril”, Leopoldo
também projetou o segundo dirigível, denominado “Cruzeiro do Sul”, que sem dúvida, serviu mais
tarde na Alemanha de modelo para o Zeppelin, entretanto, sem nenhuma menção ao
seu verdadeiro inventor. Leopoldo Silva não conseguia terminar a construção do
“Cruzeiro do Sul” por ter se agravado o seu estado de saúde, tendo seguido para
o Rio de Janeiro onde se submeteu a tratamento médico mais completo, porém
vindo a falecer ainda muito jovem, com apenas 43 anos de idade. Foi sepultado
no cemitério do Caju por conta das irmandades N.S. do Carmo e S. João Batista
das quais era irmão remido.
O blog do IHG-BJ emite nota ao
final lamentando o fato do nome e o feito de Leopoldo Silva não constar nos
arquivos da aeronáutica, uma vez esse fato ser tão relevante para a história da
aviação mundial. Diz ainda que em Bom Jardim e em Cantagalo, foram realizados
vários testes com o dirigível, que foi confeccionado em seda pura por D.
Mariquinha. Existem provas que o dirigível chegou a subir 100 metros de altura,
mas lhe faltou dinheiro para a conclusão do projeto. “A maior prova é que
existe um avião no museu da Aeronáutica com seu nome: LEOPOLDO SILVA! E também
que o famoso Zeppelin, surgiu após esse dirigível. Onde estará escondida essa
verdade?”, questiona o blog.
NOTA DA REDAÇÃO:
As únicas homenagens que teriam sido prestadas ao inventor, além de ter
batizado um avião no museu da Aeronáutica foram a colocação de seu nome numa
rua às margens do Córrego Floresta, nos fundos da prefeitura de Bom Jardim, e
também seu filho, Leôncio Correia da Silva, que recebeu uma homenagem no antigo
cinema de Bom Jardim, que na época, também contou no céu com show da
Esquadrilha da Fumaça.
Dizem também que Leopoldo Silva teria feito os primeiros experimentos em busca da criação do primeiro veículo voador "mais pesado que o ar". Segundo contam alguns mais antigos moradores de Bom Jardim, quando trabalhava como padeiro em sua loja, ele teria observado o voo dos patos e, impressionado como um animal desengonçado conseguia voar, nem que fosse por alguns metros, decidiu criar uma espécie de pato feito com miolo de pão, que segundo testemunhos da época, teria alçado voo, dando os primeiros passos para o invento do avião, antes mesmo que Santos Dumont conseguisse concretizar seu feito na França.
OBS: Informações coletadas por Julio Cesar de Carvalho (Julio Kzar), que trabalhou como jornalista de 2003 a 2017 no antigo Jornal de Bom Jardim (depois renomeado para Jornal Mais Bom Jardim), onde infelizmente, esta matéria não foi publicada, devido à extinção do referido peridiódico, estando entretanto, disponível para consulta neste singelo blog noticioso.
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