quinta-feira, 29 de março de 2012

No Rio, Roger Waters fala de Palestina, Jean Charles...e música


Músico diz que Israel faz terrorismo de Estado nos territórios palestinos

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Roger Waters durante entrevista no Rio Foto: Divulgação
Roger Waters durante entrevista no RioDIVULGAÇÃO
RIO - A boa notícia é: a menos em um caso extremo, que afete a segurança do público ou da sua equipe, Roger Waters e sua banda farão nesta quinta-feira à noite, no Engenhão, a aguardada apresentação carioca do espetáculo The Wall.
- A chuva não é perigosa, é apenas molhada – brincou.
Mas não foi para isso que o ex-integrante do Pink Floyd reuniu a imprensa, na tarde chuvosa de quarta, na boate Londra, do Hotel Fasano. Foi para avisar da realização, em novembro, em Porto Alegre, do Fórum Mundial Social Palestina Livre. O que ele fez, numa entrevista coletiva improvisada, num canto em que havia uma bandeira britânica ao fundo (coberta com uma cortina por seus assessores pouco antes da entrevista).
- Há uma semana, um amigo do Palestinian BDS (organização internacional que contesta o papel de Israel no conflito na Palestina) chegou e perguntou se eu poderia fazer esse anúncio e eu disse que podia. É simples assim – contou Roger, explicando seu envolvimento com a causa.
- Em 2006, íamos tocar num estádio de futebol em Tel-Aviv e comecei a receber e-mails de pessoas da sociedade civil palestina me falando sobre o BDS. Decidi que deveria abrir minha mente para essa questão. Viajei bastante pela Cisjordânia e os territórios ocupados e, uma vez que você toma conhecimento do muro que eles construíram lá, e você ouve os dois lados da conversa, rapidamente fica bem claro que há apenas um lado dessa discussão com razão.
Waters defende a retirada de Israel dos territórios palestinos, para trás da Linha Verde.
- O que está acontecendo na Palestina agora é um ótimo exemplo do Estado exercendo o poder de terrorismo sobre uma população.
Ele mesmo, no entanto, não deverá comparecer ao evento em Porto Alegre.
- Não sou muito bom em fóruns, não gosto de estar em grandes grupos de pessoas, não gosto de comitês, não costumo render nessas situações. Eununca poderia ser um político!
Para o músico, a guerra entre israelenses e palestinos “tem mesmo a ver é com a Casa Branca”. Apesar de não se dizer “um desses teóricos da conspiração”, ele disse crer que existem muros entre o povo e a verdade.
- Acredito que existe uma guerra entre nós, o público em geral, e o que acontece nos corredores do poder. É por isso que Bradley Manning (soldado americano preso e processado sob a acusação de vazar documentos confidenciais para o WikiLeaks) é tão importante para nós. Sem esses tocadores de apito do lado de dentro, nunca ficaríamos sabendo dessas coisas.
Em The Wall, um dos trechos mais comentados é aquele em que Roger Waters lembra Jean Charles, brasileiro morto pela polícia de Londres em 2005, ao ser confundido com um terrorista islâmico. Para ele, mais uma “manifestação do terrorismo de Estado”.
- Ninguém jamais assumiu qualquer responsabilidade pelo fato de que esse jovem inocente foi jogado no chão do metrô e atingido na parte de trás da cabeça oito vezes – alertou Roger, que disse gostar muito da América do Sul, região que vem visitando há 10 anos.
- Vejo muitas mudanças acontecendo, especialmente no Brasil, com Lula e agora com... quem é aquela mulher que agora é presidente? – perguntou.
Entrando no departamento puramente musical, Roger foi categórico sobre uma provável reunião com seu grande parceiro de Pink Floyd, o guitarrista David Gilmour.
- Acho que ele está aposentado! E não acho que ele tenha qualquer interesse nisso. Eu não tenho.


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