domingo, 15 de fevereiro de 2009

Código da Bíblia não passa de fantasia?


A Bíblia é o livro mais lido e estudado do mundo. Mas haveria na Bíblia um outro texto, palavras em código, escondidas durante 3.300, que só poderiam ser decifradas depois da invenção do computador? Um livro lançado no mês passado, nos Estados Unidos, “The Bible Code”, O Código da Bíblia, diz que sim, que no texto original, em hebraico, podem ser encontrados o passado e o futuro. Tudo que já aconteceu e vai acontecer no mundo.

Um programa de computador procura palavras, usando uma seqüência numérica de letras. O estudo foi publicado numa respeitada revista científica e passou pela revisão de um especialista em códigos, do serviço secreto americano. Para entender como funciona o código, é só usar como exemplo a frase BASTA OLHAR COM ATENÇÃO, PARA O DESENHO SURGIR ENTRE AS LETRAS. O computador elimina todos os espaços entre as palavras. Começamos com a primeira letra (B), pulamos oito letras, separamos a nona (R), pulamos mais oito e assim por diante. Encontramos a palavra BRASIL. O computador, então, refaz o tamanho das linhas, deixando as palavras na seqüência. Depois, ele busca outras palavras próximas à primeira. Podem ser encontradas, pelo menos, nove, todas co-relacionadas. Será que isso significa que o país está em COMA? Que encontrou a ROTA? Que eu AMO o Brasil? 

A Bíblia em hebraico tem 304 mil letras e o computador encontra qualquer espaçamento possível. De uma até milhares de letras. O livro cita vários acontecimentos históricos que estariam codificados. Como por exemplo, a chegada do homem à lua, a explosão das bombas atômicas no Japão,  o império de Hitler, um homem diabólico, nazista e inimigo. O assassinato do presidente Kennedy, em Dallas, e o nome do assassino, Lee Oswald. O cometa que se chocou contra Júpiter, há três anos, e até o atentado de Oklahoma, com o nome do acusado Thimoty McVeigh.

O rabino Salomon, que coordena um grupo de estudos bíblicos em Nova York, diz que acredita na existência de um código feito pelo autor da Bíblia, para ele, Deus. Mas que não acredita nesse código. “Ele não tem suporte estatístico”, diz.

Desde que o livro foi lançado, com uma grande campanha publicitária, o autor, Michael Schorden, jornalista americano, parou de dar entrevistas. Quer evitar a polêmica que ele mesmo criou com as escrituras sagradas. Mas a discussão já tomou conta dz rede mundial de computadores, a Internet. As reações ao Código da Bíblia podem ser encontradas em 40 mil endereços. A mais forte vem de um grupo de matemáticos australianos. Eles repetem a experiência com uma tradução pra o hebraico do romance “Guerra e Paz”, de Tolstoi. Usam como palavra-chave o nome de um feriado judeu, o hanukah, e encontram, no mesmo trecho, 52 palavras relativas à história e aos costumes do hanukah.

“Você pode encontrar mensagens e acontecimentos históricos em qualquer publicação, de ‘Guerra e Paz’ a Shakespeare”, diz o rabino Salomon. “Especialmente, em hebraico, onde somente uma palavra pode ter várias interpretações”.

O centro da maior polêmica está na afirmação do autor do livro, de que previu o assassinato do primeiro-ministro  de Israel, Ithzak Rabin. Ele chegou a ir a Israel, par avisar a Rabin, que ele corria risco de vida. Depois do assassinato, ele teria encontrado, perto do nome de Rabin, os nomes do criminoso, Amir, e da cidade onde Rabin foi morto, Tel Aviv.

A coincidência de palavras e datas num mesmo trecho levou o autor a fazer outras previsões, todas elas catastróficas. Terremotos em Los Angeles, no Japão e na China, todos lugares onde terremotos são comuns. No ano 2000, começa uma guerra mundial, que acaba em 2006, com um holocausto atômico. Quem sobreviver, não passa de 2012, quando um cometa vai cair do céu e destruir a Terra. Até o matemático que fez o código foi para a Internet reclamar do livro. Disse que todas as tentativas de prever o futuro, usando o código, são fúteis e sem valor. Não para Michael Schorden, que já vendeu os direitos do livro para um estúdio de Hollywood, que planeja fazer um filme que misture os estilos de “Indiana Jones” e “Os Dez Mandamentos”.

Os estudiosos do assunto dizem que toda profecia é uma espécie de charada, um quebra-cabeças, um jogo de caça-palavras. “Uma frase escrita pode ter várias interpretações, que podem ser reais ou fantasia, dependendo de quem as interpreta. Mas o Código da Bíblia ainda não provou que pode prever o futuro com confiabilidade. Todas as previsões e constatações já feitas podem ser apenas concidências e, portanto, o código, por enquanto, só pode ser classificado como fantasioso”, dizem eles.

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